Me admira a maturidade dos japoneses, aos quais desejo força e serenidade, diante de um desastre natural deste porte, talvez o maior da era moderna. Sinal do apocalipse? A terra se revoltando contra seus exploradores mor? Castigo divino? Não, apenas um movimento de terra, provavelmente sutil se comparado a outros da história desse planetinha, que lembrem-se, já tivera em outros tempos apenas um único bloco de terra acima do nível do mar.

O que quero dizer com isso? Nada demais, apenas que isso não se trata de nós, humanos. Não somos o centro do universo e um "desastre" desses não acontece para, nem por nossa causa, apesar de todos os esforços humanos em tornar o planeta inabitável.

Se um dia, por nossa culpa, o planeta deixar de ser um lugar "confortável" para humanos será provavelmente pela escassez de recursos, mal administrados e não compartilhados para o essencial. Mas se antes disso formos exterminados da Terra por algum desastre natural qualquer será apenas parte do processo, parte da constante transformação de tudo e de todos.

Pessoas, pessoas. Humanos, bichos de cérebro avantajado.

Pessoas precisam (e gostam de) viver, e conviver, em meio a outras pessoas e também de outros bichos de cérebro nem tão volumoso.

Pessoas tentam se organizar pra que essa convivência não seja tão penosa, e assim formam uma estrutura das quais em teoria todos são sócios, e então a chamam de "sociedade".

Mas as pessoas não gostam de ser bichos de sistema nervoso complexo. Preferem ser o que não são. Preferem ser resultado mágico de algo qualquer que não as faz lembrar a todo momento que são bichos. Algo que não deixe a sua insignificância tão exposta a todo momento e então criam verdades que não são.

Muitas pessoas se sentem bem tendo-se explicado o que simplesmente não fora explicado e de boa fé ficam estupefatas com o ceticismo de outras pessoas que não aceitam a tal verdade.

Pois bem, prefiro limitar-me ao esforço em ser um peso positivo nessa sistemática sociedade, hora sensível, hora caótica. Se pra depois mais houver, é lucro.

"Dá pra ignorar isso?"

A gente vota Dilma from a gente vota dilma on Vimeo.

Tinha lá meus quatro anos. Sofria nas aulas de colorir, quanta dificuldade não rabiscar fora da linha. Eis que com uma nova amizade já engatilhada me surge uma preocupação. Criança esperta que era recorri aos meus pais perguntando ingenuamente:

- Mãe, todo preto é ladrão?
- Claro que não meu filho.
- Então posso ser amigo de um colega preto?

Vejam só que criança maligna, tão novinha e tão preconceituosa. Teria sido este um reflexo infantil de uma sociedade racista ou apenas mais uma criança de alma feia?

Rasgada a fantasia, fica tudo claro. Quem quer Estado apenas na medida em que este garante privilégios; quem tira os sapatos no aeroporto de Miami e entra na justiça para que o porteiro o chame de “doutor”; quem troca direitos por capacidade de consumo; quem sonega impostos e abomina as gambiarras e “gatos” das favelas; quem diz o que quer, denuncia todo questionamento como ameaça à liberdade de expressão, e então demite o funcionário que o faz ouvir o que não quer (como fez o Estadão com Maria Rita Kehl); quem se queixa da falta de autoridade e do “jeitinho”, mas suborna o policial e espera que as legislações ambientais ou trabalhistas não se apliquem aos seus negócios; quem ainda se comporta como se estivesse com a caravela ancorada, sem nenhum interesse no país a não ser o lucro rápido para partir de novo, e então se queixa que “esse país não vai para a frente” – esses são os verdadeiros jecas do Brasil. A boa noticia é que, pelo menos por hora, eles estão perdendo.

Ontem perdi algumas horas da minha noite acompanhando um chat jovem da militância do PSDB. Tomei conhecimento deste no twitter, pela @soninhafrancine, uma das participantes. Como se sabe ela é coordenadora da campanha de Serra na internet. O nome do chat (redemobiliza) não faz alusão ao partido nem ao Serra, portanto não tinha certeza até então de que se tratava de debates internos da militância.

O que pude presenciar (se presencia virtualmente??) foi suficientemente triste a ponto de estragar minha noite, perturbar meu sono. Uma galera jovem e bonita falando obviamente da campanha. Alguns um pouquinho mais velhos davam instrução de ações e metas para os próximos dias e animava a "galerinha". A "galerinha" quando tinha a oportunidade de falar repetia todos aqueles absurdos saídos de crônicas de estilo fantástico e gosto duvidoso do Jabor.

Uma menina repetia que só Serra pode salvar o país, a família, a igreja, a democracia.

Outros tantos repetiam que Lula censura a imprensa e que faz um governo ditatorial. Ninguém sabia dar um exemplo de censura, ou de ações ditatoriais, mas continuavam repetindo assim mesmo.

Perguntei o que achavam de Serra demitir jornalistas, das polícias de SP trocarem tiro entre si (Polícia Civil e Polícia Militar), da maneira como Serra trata manifestantes. Um vácuo. Fui chamado de laranja paga podre.

Interpelava Soninha com as mesmas perguntas pois sei que ela não compactua com raciocínios tão rasos. Sei que quando no PT ela mesmo fazia-se de advogada do diabo tentando não deixar a militância perder a razão em discursos puramente raivosos. Ela se calava, desta vez não quer mais fazer o papel de advogado do diabo para garantir a lisura do debate.

Qual a noção de democracia terão estes jovens? O que os fazem acreditar que existam traços ditatoriais no governo Lula. Esta é a linha de raciocínio daqueles que provavelmente serão o PSDB de amanhã?

O jogo é democrático. O governo Lula errou MUITO em vários pontos. No alto de 80% de aprovação não peitou a reforma política, nem mesmo tentou politizar a sociedade. Há muito o que criticar de forma limpa, mas esse jogo de ódio, de mentiras é inaceitável. É o TEA PARTY brasileiro.

Acusar de censura um governo com 80% de aprovação popular que no entanto só é capa de revista para notícias negativas é delírio meus caros.

Acusar este governo de ditatorial é mais que delírio. É desonestidade intelectual, um desfavor a democracia. Desafio qualquer um a citar exemplos de liberdade cerceada pelo governo Lula.

Como disse, o governo Lula cometeu muitos erros e também muitos outros acertos. O principal acerto talvez tenha sido dar ao social a mesma importância dada a economia, ou melhor, casar os dois. A população mais carente passou a crescer economicamente cerca de 10% anuais, a elite a 3% (me parece justo não?). Resultado: 28 milhões de pessoas passaram a se alimentar três vezes ao dia, outras 31 milhões que só tinham o suficiente pra se alimentar compraram seu carrinho, sua casa, e hoje passeiam com a família em um clube popular no fim de semana. Pode parecer pouco mas é o início da emancipação de um povo.

Mas de onde vem tanta raiva? Desconfio que justamente desse sucesso. Da dificuldade de aceitar que sua condição de nascido na classe média é mais um golpe de sorte que de merecimento. Da dificuldade de aceitar outras realidades , de conviver lado a lado com quem outrora só servia para o emprego doméstico. Da dificuldade em aceitar as minorias. Em resumo do preconceito.

Agora os convido para um exercício de autocrítica. O quanto deste preconceito você deseja conscientemente alimentar? O quanto desde preconceito é alimentado passivamente todos os dias pela TV Globo, pela revista VEJA, etc?

Todo mundo tem sua cota de preconceito, é humano. Já alimentá-los é uma decisão pessoal.

Dois governos, duas posturas, dois resultados.

Devaneio simplista e irônico ( e um tanto quanto infantil ) :

Existem duas grandes classes de pessoas quando nos referimos a impressão de si mesmas e sua própria inteligência:

1) Aquelas que se acham mais inteligentes que as outras e por isso ficam felizes.

2) Aquelas que se acham mais inteligentes que as outras e por isso ficam angustiadas.

O cinismo da companha de Serra não tem fim.

Diz que vai acabar com as "Privatizações do PT".

Usa a tática de mentira contada milhares de vezes que "vira verdade".

Serra não criou o FAT, não criou os genéricos. Serra votou contra os trabalhadores na constituinte.

A classe média, despolitizada, que não consegue fazer uma crítica real do conteúdo de um discurso oportunista e a história de um político, do partido, de seus alinhamentos, vai engolir.

Agora Serra vem com essa de aumento de salário mínimo e de aposentados (o que ele sempre foi contra).

Converse com um polícial, um bombeiro, um professor paulista ou paulistano.

Pergunte se é verdade a existência de duas professoras na primeira série.

Pergunte sobre os salários do serviço público. Delegado de polícia de São Paulo recebe menos da metade que um do DF, muito menos que um de Goiás.

Procure saber onde no Brasil, e sob o governo de quem, polícia civíl troca tiro com polícia militar.

Procure saber onde, durante qual governo, tornou-se praxe governador demitir jornalista.

Quantos jornais e revistas só sobrevivem pelos contratos (muitos com dispensa de licitação) do governo paulista?

O candidato Serra representa a parte xenófoba (eu disse parte) da elite paulista, ou no máximo a bizarra "massa cheirosa" (SERRA , A EDUCAÇÃO, OS NORDESTINOS E O CHEIRO DO POVO.wmv).

Pesquisem meus caros.

Pesquisem sobre a Alston.

Pesquisem sobre a FUNDAÇÃO FORD.

Pesquisem sobre Verônica Serra, a sócia da irmã de Daniel Dantas.

Façam sua parte, pesquisem e decidam. Mas sejam responsáveis e o façam sabendo.

Existe uma grande diferença entre ser a favor do aborto, e ser a favor da descriminalização do aborto.

Descriminalizar não significa liberação incondicional.

Existe um problema chave de saúde pública. Mulheres abortarão, isto sendo ou não considerado um crime. As ricas o fazem em todas as condições de segurança enquanto as pobres arriscam suas vidas.

Outro ponto polêmico são as exceções onde hoje o aborto é considerado lícito. Casos de gravidez em decorrência de estupro representam uma incoerência aos desfavoráveis por motivos exclusivamente religiosos.

Como disse a questão é polêmica. Ser a favor ou não da descriminalização é irrevelente, uns serão a favor outros contra. Ser a favor do debate não é ser a favor do aborto.

O debate é importante, seja qual for sua posição. E sinceramente não acho que a sociedade tenha uma posição, pois sequer dedicou tempo a pensar seriamente sobre.

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Dizer que segundo o PNDH3 qualquer um poderia abortar de acordo com sua livre vontade é no mínimo desinformação.

Peço aos eleitores do Serra que façam sua campanha. Há muitos pontos válidos a atacar. O governo Lula tem muito o que ser criticado. Mas por favor o façam com sinceridade. Usar deste tipo de artifício enfraquece o debate e não acrescenta exatamente nada ao país.

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Esse assunto já deu. É agenda serrista.

FIM.

Fim de semana, boteco, pessoas diferentes. Surge o assunto: política. Logo percebi, postura reacionária.

Quando disposto gosto de citar alguns números, dentre os quais o de 24 milhões de brasileiros que sairam da miséria e outros 30 milhões que evoluíram a classe média. Sim, é um argumento sacana, a réplica exige exposição dos preconceitos.

Eis que surge a grande réplica: "O presidente deveria estar preocupado em investir no futuro do país, e não em fazer o povo comprar geladeira".

Percebe? A pessoa simplesmente não entende. Até que tive lá a paciência de tentar explicar, mas aqui acho desnecessário.

Té!

Ainda na linha do artigo do Idelbrer (Acadêmicos Amestrados) fica a pergunta: Quantas vezes você viu este senhor da foto apresentando sua versão depois de um conflito que envolvesse o MST? Aliás, você conhece este senhor? Pois bem, recomendo o vídeo e depois me digam se parece ser um amalucado como sugeriria o nosso ex-presidente.

* Aos 14:30 "O marxismo ajuda você a interpretar o capitalismo(...). Pra você ter uma vida a favor da igualdade e da justiça você precisa interpretar a realidade em que você vive. E a realidade que vivemos hoje no capitalismo o evangelho não dá conta".

Bem. Vamos lá. De alguma forma isto está me fazendo falta.

Voltemos a ativa.

Ou não.